terça-feira, 21 de setembro de 2010

A AULA


A Lua olhava por detrás da cortina da sala e via as vans indo e vindo buscar as crianças. Era muito cedo e elas já iam para as escolas. Suas mães as levavam até a porta do carro e depois de beijos se despediam, fechavam as portas e zummmmmm. Lá ia o carro lotado de crianças com suas lancheiras! Ah! As lancheiras. Eram elas os objetos de suspiros da Lua, que ficava se imaginando subindo numa van, cheia de cachorrinhas e cachorrinhos, todos com suas lancheiras lotadas com ossinhos, rações e muuuuitos pães de queijo. Sim!!!! Pães de queijo!!! Para comer na hora do recreio. E tinha que ser uma escola-canil onde só tivesse recreio. Isso sim!
- Auuuuuuu – ganiu a branquinha. Por que não posso ir pra escola? Por que não tem escola pra cães? Só adestramento! Só isso! E nada de lancheiras! Nadica de nada. Pães de queijo? Nem pensar! O tio do adestramento parece um bobão com aquele osso de borracha. Quem ele pensava que engana? A ela, Lua, é que não! Quem vai querer aquele pedaço de borracha com gosto de bexiga de festa? Ainda se fosse um osso de queijo...! E tinha que ir buscar todas as vezes que ele jogava! Ora bolas!
E assim seguia dia após dia, com a Lua sempre olhando pela janela aquele ir e vir de crianças estudantes. E suspirava tão alto que despertou a atenção do tio Chicão, o grande pastor alemão que morava naquele apartamento. E ficou tão tocado pelos suspiros da branquinha que resolveu tomar uma providência. Saiu do seu canto, de cima de seu tapete e chamou a cadela.
- Menina Lua?
- Simmmm, tio Chicão.
- Parece que a menina fica suspirando todos os dias vendo essas crianças irem e virem da escola. Será que a menina Lua quer ir pra escola?, perguntou o pastor alemão.
- Querer eu quero mas .... não tem escola para cadelas e cadelos ...
- Menina Lua, não existe o termo cadelo! Você realmente precisa de uma escola!, respondeu o cachorrão.
- Mas como, tio Chicão? Eu quero uma escola de verdade!, reclamou Lua
- E o que é uma escola de verdade, menina Lua?, questionou tio Chicão.
- Uma escola aonde a gente vai todos os dias, leva lancheira com pães de queijo, come todos eles, brinca muito e depois volta pra casa pra comer os pães de queijo novos.
- E aprende o quê?, perguntou o cachorro já percebendo onde essa conversa iria desaguar!
- Aprender a brincar e comer pão de queijo, ué!, respondeu a cadelinha.
- Bom, brincar você já sabe e comer pão de queijo então .... ponderou tio Chicão.
- Mas eu queria, queria e queria! emburrou a Lua.
- Bom, menina Lua, podemos dar um jeito.,falou mansamente o pastor alemão. – Vamos chamar toda a nossa família canina e montar uma escola aqui em casa.
- Obaaaaaaaa, gritou a Lua e saindo em desabalada carreira começou a chamar todo mundo. – Chicaaaaaaaa, Pipocaaaaaaa, Pingooooooo, Azeitonaaaaaaaa, Luluuuuuuuuu, Jujubaaaaaaaa, todo mundooooooooooo, venha cá pra aula e tragam seus pães de queijo e .....
- Mas o que está acontecendo, latiu a Lulu, preocupada que essa agitação toda causasse algum dano ao seu lindo e cuidado pelo. Afinal ... onde tinha Lua .... tinha vendaval! Vento bravo, como diria o cachorro do tio Edu Lobo.
- Lá vem coisa! Pode esperar que a branquinha está aprontando alguma, disse a Jujuba enquanto polia sua coleira feita de pedacinhos de ossinhos incrustados e ajeitava seu boné com a aba virada.
- Bom, pelo grito da Lua ... tem pão de queijo na jogada, disse Pingo, já procurando o guardanapo porque comer era com ele mesmo.
- Chegaaaaaa de latido furado. Vamos ao que interessa! Latiu a Lua. – Estamos numa escola e é hora do recreio e vamos comer pão de queijo e brincar e .....
- Menina Lua! Tenha calma! Tudo há seu tempo. Vamos explicar o que acontece para os outros meninos! Ponderou calmamente tio Chicão. – Resolvi montar uma sala de aula aqui em casa porque estou percebendo que vocês todos não andam se aplicando muito nos ensinamentos que o nosso tutor tem dado! E com tanto tempo que temos ....
- Alto lá! Alto lá!, gritou a Azeitona. -Eu tenho me aplicado sim. Todos os dias roubo a caneca de leite que a mamãe coloca pra eu roubar!
- E eu vigio o refrigerador e o fogão pra que ninguém roube a comida ... só eu! disse Pingo, mostrando seus dentões.
-Crianças! Não é isso! – suspirou tio Chicão. Ia ser um trabalho árduo. – Vou começar colocando ordem nessa aula. Formem um círculo em torno do meu tapete e vamos a aula.
- Mas e os pães de queijo .... ????, tentou falar a Lua quando viu o olhar enviesado da Pipoca. – Depois a gente vê, né?, disfarçou a branquinha.
Sentados em volta do tio Chicão, atentos aos latidos do maior cão da matilha, todos os sete cães esperaram. A aula não tardou a iniciar-se.
- Menino e meninas, quero saber por que o cachorro gosta de colocar a cabeça para fora da janela do carro quando sai para passear. Alguém sabe?
- Ué! Pra ver as padarias com pães de queijo, não é?, disse a Lua. – Pelo menos eu faço isso!
- Eu acho que é pra poder morder quem passar perto do carro , disse Pingo.
- Nada disso! Que idéia idiota é essa de por a cabeça pra fora do carro? Desmancha todo o pelo da gente, reclamou a Lulu.
- Nada disso! Ninguém acertou! Quando a gente sai de carro quer sentir todos os cheiros que vem de fora. E olhe que são muitos. E o nosso focinho capta todos eles. Que maravilha é sentir os cheiros de tantas coisas e gentes e bichos e ...
- ... pães de queijo, queijadinhas, requeijões ....
- ... flores e
- .... coisas fedidas!!!! – reclamou a Pipoca.
- .... perfumes! Sim, menino e meninas. Tudo isso pertence aos nossos focinhos. Pertence ao mundo dos farejadores! completou tio Chicão. – Nosso universo de odores é imenso. Podemos reconhecer cheiros de pessoas que estiveram naqueles lugares dias antes!
- Isso é verdade, exclamou Azeitona. – Eu me lembro de ter sentido o cheiro das meias do papai depois delas terem sido lavadas! E daquela calça que ele trouxe depois de tratar das pulgas do Bim. Ficou o cheiro do Bim por toda a semana!
- Aquele goooordoooo, reclamou Lua. – Todo mundo sente o cheiro daquele gooooordo. Até mesmo quem não tem focinho! HUNF!
- O mais importante, continuou tio Chicão – é que esse faro apurado que temos permite salvar muitas vidas quando em desastres como desabamentos ou terremotos. Achamos as pessoas muito abaixo dos escombros.
- Isso é tão bonito, exclamou Chiquinha. Ai e ai! Pingo ficou todo animado porque tinha um focinhão! Quem sabe assim ela, a Chica, o olhasse com outros olhos!!!!
- Também ajuda a encontrar drogas escondidas nos lugares mais improváveis, continuou tio Chicão.
- Isso é tããããããoooo feiooooo, reclamou a Lua, olhando de soslaio para a sonhadora Chica.
- Feio nada! Isso é muito bom, exclamou a Jujuba. Droga não tá com nada! A gente tem que achar e ...
- .... fazer xixi em cima?, perguntou Azeitona.
- Melhor não, menina Azeitona. Melhor deixar para os humanos resolverem. Vai que o nosso xixi ajude a droga a ficar pior .... melhor não!, explicou tio Chicão. – Mas voltando a nossa aula, quero saber porque um cachorro fica de boca aberta.
- Pra comer pão de queijo!, exclamou prontamente a Lua.
- Pra morder, gritou a Jujuba.
- Pra roubar uma coisa ..., falou a Azeitona.
- Pra ajeitar os bigode, suspirou docemente a Lulu.
- Pra mostrar os dentes limpinhos, resmungou a Chica.
- Sei lá!, respondeu a Pipoca.
- Para amenizar o calor que sente, explicou tio Chicão. Nem sempre quando estamos com a boca aberta e língua de fora estamos com sede.
- E tem humano que cisma de enfiar água pela goela da gente!, reclamou a Azeitona. A dona da Batata é uma dessas! De tanto enfiar água vai acabar transformando a cadela em purê!
- Um cachorro com sede pode ficar com a boca aberta, mas quase sempre estará arfando! Explicou tio Chicão. Quando não, está apenas se refrescando. Agora quero saber por que um cachorro anda em círculos antes de deitar.
- Isso eu sei! – gritou a Pipoca. É pra ter certeza de que vai deitar em lugar gostoso, confortável ...
- Não pode ser! A Azeitona deita em cima de todo mundo, pisa em todo mundo, afunda todo mundo!, reclamou a Lua. – Como então é isso?
- Menina Lua, a menina Pipoca tem razão ... em parte. Veja bem! O contato do cachorro é feito pelas patas e quando ele circula o terreno é para ter certeza de que está livre de obstáculos, explicou tio Chicão.
- Burrrrr! – era a Pipoca mostrando a língua pra Lua.
- Coisa feia! , reclamou a Lulu.
- Porém, não é só isso. Um cachorro gosta de rodear antes de deitar-se porque procura o vento. Ele quer ficar deitado enquanto os odores vêm para seu focinho, disse tio Chicão.
- Igualzinha eu quando deito em frente ao forno esperando a fornada de pão de queijo, explicou a Lua, já salivando. E por falar nisso ... cadê as nossas lancheiras?
- Quieta Lua, exclamou o Pingo. – Vamos continuar a aula. Está ficando interessante. Eu não sabia que tudo o que a gente faz tem um motivo.
- Tem sim, menino Pingo. Motivos para tudo, falou tio Chicão. – Vamos então para mais uma questão: por que os cachorros se lambem e lambem uns aos outros?
- Ah! É para manter o pelo limpo! – disse languidamente Lulu.
- Menina Lulu, não é isso não! A língua também é um instrumento de estímulo. Veja o caso das mamães caninas. Se elas não lamberem vigorosamente os filhotes, eles não farão seus cocôs e isso os matará, falou Chicão.
- Pelos queijos sagrados! Nunca pensei que uma lambidona tivesse esse objetivo, disse a Lua.
- Mas ... e quando o cachorro lambe a si próprio?, perguntou o Pingo.
- É quase que uma automassagem, menino Pingo. Mas existem alguns cães que se lambem constantemente, quase sem parar, causando ferimentos em si próprios. Chama-se comportamento compulsivo e é um típico caso de estresse. Nesse caso, é preciso ir ao veterinário, explicou Chicão.
- Então, quando a Lulu lambe dentro da orelha da Chica ....
- Ela está fazendo uma massagem na companheira. É uma forma de carinho como se a Chica fosse um bebê canino – arrematou Chicão.
- Mas eu tenho uma pergunta, gritou Jujuba. - Quero saber por que os cachorros enterram coisas!
- Que coisas?, perguntou Lulu
- Coisas e coisas, resmungou a Jujuba, olhando para a Azeitona. Esta vivia cavando e escondendo tudo o que encontrasse, fosse seu ou de outro.
- No princípio dos tempos, quando os cães ainda eram animais não domesticados, era preciso que caçassem e guardassem a comida para o futuro. Os cães caçadores fizeram disso um hábito e escolhiam o solo para esconder a comida. Cavavam e enterravam o que encontravam. Com isso, muitos outros cães que passavam pelo terreno sentiam o cheiro da comida vindo do subsolo e começavam a cavar. Aí encontravam as comidas novas e outras já estragadas – explicou Chicão.
-Puá! Argh!, reclamou a Lua. – Imagine enterrar pães de queijo? Nem pensar! Eu enterro tudo na minha barriguinha.
- Mas tio Chicão ... eu gosto de brincar de enterrar coisas – falou a Azeitona. – Ninguém me entende! E eu tenho alguns amigos no solo ...
- Menina Azeitona, você está certa porque esconder e cavar são muito divertidos. Os cães gostam de brincar assim. Mas, que amigos são esses?, perguntou Chicão.
- As minhocas e as formigas, respondeu a Azeitona.
- Agora é que é mesmo um grande puáááá! Como alguém pode ter uma minhoca como amiga? Quem? Só a Azeitona!!!!, gritou a Lua.
- Já eu gosto de fazer buracos na terra pra deitar. Fica quentinho, falou a Chiquinha.
- Isso mesmo. Eu também. – disse a Pipoca. A gente fica protegida do vento.
- Mas se suja! Argh! Pelo sujo, pata suja, tuuuudo sujo. Ui!, reclamou a Lulu,
- E você faz o quê para brincar, hein?, perguntou a Jujuba para a Lulu.
- Eu? Mastigo coisas, respondeu Lulu
- Que coisas?, perguntou Chicão.
- Ah! Qualquer coisa! Ossos, tapetes, travesseiros, pé de móveis ....
- Um cupim! A Lulu ou tem antepassado cupim ou traça!, gritou o Pingo.
- Nada disso! Sou uma cadela que ....
- .... busca atenção dos tutores, né? – completou Lua.
- Muito bem, menina Lua. É isso mesmo. Mastigar coisas proibidas é uma das formas encontradas pelos cães de chamar a atenção dos seus donos. Isso porque é melhor receber uma bronca do que ficar sem nenhuma atenção. explicou Chicão. A menina observou bem, falou olhando pra Lua. – Mas, como é que a menina sabe disso?
- Um livro me contou ....
- E depois eu é que sou esquisita porque tenho minhocas como amigas! – resmungou a Azeitona.
- .... era um livro de piscol... pissico ... pscol...
- Psicologia ...
- Isso mesmo, tio Chicão. Psicologia. É sim. Ele falava esquisito, cheio de palavras que eu não entendi, mas me explicou que isso de fazer besteiras pra chamar atenção é uma tal de carência. E disse mais! O cachorro faz as artes erradas e o dono briga com ele. Aí o cachorro faz mais artes erradas ainda pra receber mais atenção. Pode isso? Pobre cadelo! – choramingou a branquinha.
- Então, o melhor é o tutor não dar atenção? – perguntou a Azeitona
- Isso mesmo, menina Azeitona. O tutor deve ignorar o cachorro peralta e ...
- ... que vai fazer xixi no pé dele. Aí quero ver ele ignorar! Ah! Quero sim! Resmungou a Jujuba virando seu bonezinho para trás.
- Tio Chicão, eu quero fazer uma pergunta.
- Pois faça, menino Pingo. E era melhor mesmo mudar de assunto porque o tio Chicão era extremamente carente!!!
- Por que a gente tem que correr atrás de gatos? Eu não entendo! Não tenho nada contra os gatos e tenho que caçá-los! choramingou o Pingo.
- Note bem, menino Pingo. O cão é um animal caçador e isso vem desde as suas origens.
- Quer dizer que o meu tatatatataravô caçava e eu herdei isso dele?
- Sim, Pingo, Até alguns séculos os animais só comiam o que caçavam. Não tinha refeição servida por tutores ou ...
- ... pães de queijo! Meus ossos sagrados! Os coitados sequer tinham pão de queijo? – gritou a Lua. – Do que viviam esses pobres cães ancestrais? Apenas de ração?
- Não, menina Lua. Ração também é algo dos tempos de hoje. Depois que foram domesticados, os cães passaram a comer restos dos alimentos que os humanos deixavam. Antes caçavam.
- Peloamordedeus! O pelo devia de ser um horror! – falou a Lulu, afastando uma lasquinha de pó de perto de sua pata.
- Não apenas o pelo, menina Lulu, mas também os órgãos internos desses nossos antepassados eram bombardeados com substâncias nocivas e até mesmo mortais. Mas isso acontecia com os humanos também. Ambos comiam o que encontravam – finalizou Chicão.
- Mas porque esse negócio de comer porcarias tem que entrar no meio da minha pergunta? O que tem a ver com a nossa caça ao gato? – perguntou Pingo.
- Menino Pingo, o cão é um animal predador e o gato é uma presa perfeita para ele já que foge agilmente, salta e fica no alto desafiando o focinho canino. Isso tudo estimula o instinto de caçador, explicou Chicão.
- Isso é verdade! Adooooro ver o bichano se arrepiar todo e zás .... sair correndo – disse o Pingo. – Mas eu só quero brincar com ele!
- Mas ele não entende assim! Para o gato, o cachorro é um caçador que lhe tirará a vida caso ele bobeie, disse Chicão.
- E a gente não pode explicar isso pra ele, tio Chicão? perguntou Pipoca.
- Pode sim mas .... não sei se vai adiantar, menina Pipoca. Alguns felinos adotam cãezinhos e depois de adultos ficam amigos. Também há cães que adotam gatinhos. Há casos e casos! Porém, na grande maioria das vezes .... são inimigos.
- Eu sou amiga da Mingau, a gata do 26 ,disse a Lua.
- Isso é bom, menina Lua.
- Claro que é! A tutora dela fabrica os pães de queijo que vão para a padaria. A gente fica embaixo da mesa e nhac ....
- Menina Lua! Não pode comer nada que venha de outras pessoas! Não pode! – falou tio Chicão, muito zangado.
- Tá certo, tio! Tá certo! Mas é que aquele pão é tão gostoso!!! Nham .... salivou a branquinha.
- Mas tio Chicão, por que tem cachorro que corre atrás do rabo? – perguntou o Pingo.
- Correr atrás do rabo é uma forma de diminuir a ansiedade e ...
- Mas o que é ansiedade?
- Jujuba, a ansiedade é um tipo de aflição, de tristeza, de angústia ...
- Coisa ruim! – resmungou a Lua.
- É sim! Uma tristeza. O cachorro fica tristonho e quer agitar sua vida. Aí vê o seu rabo e começa a querer pegá-lo. E quanto mais corre até ele, mais ele se afasta. Fica divertido e ele ocupa seu tempo. – explicou Chicão.
- Não tem nada melhor para ele fazer? Ver um penudo na casa da tia Cris, visitar tia Eneida, correr atrás de uma lagartixa, fuçar uma plantinha ....???? – falou a Lua.
- Menina Lua, nem sempre depende do cachorro ter as coisas. Quase sempre é o tutor quem deve buscar essas diversões ao seu cão. Alguns acham que dando comida e água .. basta!
- Isso é verdade!, falou Lulu. – Antes de eu vir pra cá, estava na casa de uma família que me dava água e comidas, mas não me deixava sair do quintal. Eu vivia triste. Um dia mudaram de casa e não me levaram. Fiquei na rua por muito tempo até ser adotada pela minha tutora atual. De uma hora pra outra saí do quintal diretamente para a rua. Um horror!
- Menina Lulu, essa sua experiência terrível é muito comum, infelizmente., falou Chicão. Muitos animais passam a ter comportamentos compulsivos, como esse de morder o rabo, depois de grandes traumas como esse que você passou! Outros apanham de seus tutores ou são ameaçados por animais mais fortes. Tudo o que causa medo .... Bom, acho que por hoje chega ....
- Uma última pergunta: por que o cachorro macho levanta a pata para fazer xixi?, perguntou Chiquinha.
- Isso eu sei, disse Pingo. É para evitar que a urina escorra pela outra pata. Mas também é para marcar o território. Assim, quando faço xixi, levanto a pata lááááá no alto pro xixi vir escorrendo desde cima e marcar mais que possível o meu território.
- Bravo! Pingo você arrasou!, disse Pipoca. – Ele não é um “pão doce” peludo?
- Pão! Pão amarelo é pão de queijo! Isso me lembra que temos que ir ao recreio .... disse a Lua enquanto saía correndo em busca da sua lancheira.
Marly Spacachieri
20 de setembro de 2010.