terça-feira, 16 de junho de 2009


A HISTÓRIA DO TOQUINHO



Era uma vez...
... um duende que queria ser gente. Queria porque queria! Insistia, pedia para o duende-chefe e nada! Um dia, depois de tanto chorar apareceu uma fadinha bonitinha, peluda, de longa cauda que, penalizada com o pobre duende disse-lhe:- Se você quiser ser gente precisa passar no teste!- Que teste, respondeu o duende choroso.- Ser amado antes de ser gente.- Como assim!, perguntou o duende.- Simples. Eu transformo você num bicho e você sai pelo mundo dos homens. Se conseguir ser amado, se conseguir sensibilizar um coração, se conseguir com que aceitem você com todos os seus poréns... poderá se transformar em gente.
O duende aceitou o desafio. De cara foi transformado num cão. Um cão vira-lata, de rua, bem danadinho, de olhar meigo e doce. E claro que caiu numa cidade de Minas (pois a mineirada adota tudo quanto é cão que aparece, sô!) para ter mais chances. Teve sim. No primeiro dia estranhou aquele negócio de ter que levantar a pata para fazer xixi! E aquele cocô público? Santa vergonha! E pulgas? E coceira? E aquela cadelinha no cio provocando situações constrangedora? Santos caldeirões mágicos! Que coisa! Roer osso? Logo ele que adorava frutas silvestres? Comida estranha essa que os humanos comem... mas até que a tal feijoada é boa sim (não fosse o resultado posterior... auuuuuuu).
Passeando pelas ruas conheceu outros animais e conversou, cochilou ao sol, sofreu empurrões e afagos. Foi tomando gosto pela vida de cão. Uma velhinha aqui... um garotinho ali..... a casa da Marcinha..... tudo no seu tempo. Sofreu abalos sim! Foi machucado e maltratado como todo cachorro de rua, mas encontrava sempre o tapete, a água e a comida gostosa naquela casa ampla. E o sorriso sincero da menina. Apaixonou-se por ela! Amor correspondido na hora.
Numa tarde de sol surge a fadinha peluda e lhe informa que já podia se transformar em gente pois tinha conseguido ser verdadeiramente amado. Duende, já chamado de Toquinho, meio manquitola, sentiu um aperto no coração canino. Se se transformasse em gente, será que a menina continuaria a amá-lo? E onde renasceria? Nada lhe garantiam sobre isso! Pensou muito (e rápido porque cachorro pensa muuuuuito rápido!!!) e decidiu continuar cachorro.- Mas não pode, disse a fadinha peluda. Está escrito na sua ficha que deve ser transformado em gente ou volta a ser duende.
Que desespero tomou conta do Toquinho! Pelos ossos sagrados ..... que fazer? Não queria e não queria deixar de ser cachorro. Isso era problema da fada e ela que se arranjasse pois ele ficaria cachorro. AU!
A fadinha peluda pensou, pensou e resolveu consultar seu micro de bolso. Entrou na internet das fadas.com.br e falou com a fadona principal - a fadamaster. A resposta veio pelo satélite fadal1. Se o duende... quer dizer o cachorro... quer dizer.... o Toquinho quiser continuar cachorro ele tem que morrer essa vida de duende-cachorro sem se transformar e renascer só cachorro.
Imediatamente Toquinho correu na frente do carro e se jogou. Seu corpo ficou ali, mas ele, invisível como todos os cães que vão renascer, foi colocado pela fada peluda dentro de uma barriga canina onde filhotes estavam sendo formados. Vai renascer em breve e bem pertinho da menina. Está ansioso e me pediu para contar isso para ela. Como reconhecê-lo? Ela saberá quando o encontrar e o olhar. É sempre assim no mundo mágico dos cachorros.
E a menina, o Toquinho, a cidade e o mundo das pessoas que são corajosas o suficiente para se exporem ao amor dos animais, serão novamente felizes.